O PODER DO FEEDBACK (2)
Todos nós necessitamos do retorno para sabermos se estamos ou não no caminho
certo. A criança, com certeza, vive do retorno de seus pais, mas nem sempre
recebem aquele tipo de retorno que realmente faz crescer e amadurecer na vida. E
isso pode afetar o seu desenvolvimento sadio, provocando verdadeiros problemas
psicológicos no futuro. Precisamos dar o retorno, mas que seja saudável e ajude
no seu processo normal de crescimento.
O feedback insignificante ou inexistente, é aquele mais atrapalha, pois a
indiferença é o pior ‘remédio’ para um ser humano. Ninguém gosta e se sente bem
sendo ignorado, pois temos a necessidade natural de querermos ser vistos e
valorizados em nossas ações. A criança, por ser indefesa, sofre muito mais do
que o adulto com a indiferença. Ela precisa ser vista e valorizada por aquilo
que é.
Existe outro feecback que também é nocivo e prejudicial ao pleno
desenvolvimento e amadurecimento da pessoa humana: é o feedback negativo. No
passado era normal priorizar os aspectos negativos, pois se acreditava que o
elogio e a valorização eram prejudiciais e corrompiam o ser humano. Hoje também
não é muito diferente. O que mais impacta: as coisas boas, as conquistas, as
vitórias, os projetos bem sucedidos, ou então, a desgraça e a tragédia?
Dificilmente alguém que está viajando é capaz de parar a fim de contemplar uma
cascata ou a natureza que surge cheia de vida em sua frente, mas facilmente
estaciona o carro para ver a desgraça ocorrida num acidente de carro. Isso
mostra que o negativo tem mais poder do que o positivo.
Um autor que eu gosto muito, Nuno Cobra, ele escreveu um livro muito
interessante e que vale a pena ser lido, com o título ‘a semente da vitória’.
Nesse livro, de modo bastante humorado ele apresenta a história dos sacos. Cada
ser humano tem dois sacos: o saco positivo e o saco negativo. Ele diz que
enquanto o saco da negatividade cresce, o saco da positividade diminui ou
estaciona. O saco do negativo são os constantes não, proibições, dúvidas,
enaltecendo sempre aquilo que não funciona e deixando em segundo plano as coisas
boas.
Se nós formos analisar a educação, sobre escolar, é fácil perceber que os
pais fixam o olho imediatamente na nota mais baixa, em detrimento à nota mais
alta. Se o filho/aluno tirou tudo acima da média, mas somente uma está abaixo da
média, pode ter certeza, é essa que será notada. E aí reside um grande erro
educacional, ou seja, o feedback negativo, que não ajuda no crescimento saudável
do ser humano.
Ouço seguidamente pessoas dizendo que o positivo não precisa ser enaltecido,
pois todo mundo já sabe, mas é preciso dar mais atenção ao negativo. Se alguém
tira notas altas, não fez mais do que a obrigação, e nem é notado e valorizado,
mas se tira notas baixas, imediatamente é censurado e cobrado.
A sociedade de modo geral valoriza muito mais o negativo, a tragédia, a
desgraça, pois essa vende e dá mais lucro. As coisas negativas são motivos de
noticia por muitos dias, mas aquelas positivas passam rapidamente. É a cultura
da morte, em detrimento da cultura da vida. E pensar que fomos feitos para a
vida e não para a morte! Eu não quero com essa reflexão dizer que devamos fechar
os olhos para as coisas negativas e fazer de conta que não aconteceu nada, mas
não fazer delas o centro e a razão da nossa existência.
O feedback negativo é destruidor, pois cega os olhos para o lado bom e
positivo, como se aquele pessoa fosse somente erro e não tivesse nada de bom a
oferecer.
Dr. Pe. André Marmilicz
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