quinta-feira, 5 de julho de 2012

Carta Circular do Superior Geral


Como vai a Congregação?
30 de abril de 2012
Santa Catarina de Sena

Caros Confrades,
Escrevo esta carta logo após o retorno da longa permanencia nas Províncias da América Latina. Foi uma experiência de imersão total, de dois meses, março e abril. Com todos os Conselheiros passamos casa por casa, em cada comunidade, para a visita canônica. Tivemos importantes encontros de todos os Conselhos provinciais juntos, em Marianela (Assunção – Paraguai), de 5 a 8 de março, e depois separadamente em cada província.
A programação foi intensa, mas o Senhor, a saúde e a boa acolhida em todos os lugares – e pela qual agradeço – nos sustentaram no cumprimento deste dever. O objetivo desta longa visita foi animar a comunhão fraterna e verificar a nossa fidelidade criativa a Dom Orione para viver um presente que tenha futuro mediante a inculturação do nosso carisma nos tempos e em lugares novos.
Quanto bem e quanta graça de Deus se realiza através das nossas pobres pessoas e atividades! Visitando a Congregação, com o realismo do olhar fraterno, sinto poder concluir com Dom Orione: É o Senhor que realiza! É a Divina Providência, pelas mãos de Maria, que conduz as nossas obras. Nós não somos mais do que pobres servos e trapos, dos quais Deus benignamente se serve.
Com os olhos e o coração ainda cheio de imagens e de recordações desta longa visita na América Latina, retomo alguns temas importantes para direcionar e encorajar a renovação da nossa vida religiosa e apostólica.


COMO VAI A CONGREGAÇÃO?
É a pergunta que escuto com frequencia da parte dos confrades, nas mais diversas circunstancias e lugares. Não satisfeitos com a minha primeira resposta um pouco genérica, alguns passam a perguntar sobre as vocações, outros interrogam sobre as novas aberturas missionárias, alguém sobre o espírito de família, outros sobre as obras, alguém mais sobre formação ou outras coisas. Assim fazendo, consideram que existem alguns indicadores pelos quais se pode deduzir “como vai a Congregação”.
Nesta minha Circular pretendo apresentar e refletir sobre alguns indicadores de vitalidade da nossa família religiosa, válidos tanto em nível pessoal, como de comunidade e de Província.
A reflexão sobre os indicadores de vitalidade já sugere também quais são os percursos de vitalidade que devemos percorrer para a boa saúde pessoal, das Províncias e da Congregação. Cuidar da boa saúde é a mais sábia decisão para enfrentar os desafios do futuro da Congregação no momento histórico atual.
"Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir!" (VC 110), escreveu para nós João Paulo II na Mensagem do centenário da Congregação. “A Igreja espera de vós que reaviveis o dom que Deus vos concedeu, renovando os vossos propósitos; num mundo que se transforma promovei uma fidelidade criativa à vossa vocação”.[1]
Caros Confrades, vocês sabem o quanto eu sou um cultor de Dom Orione e do seu carisma, da sua história e das memórias da Congregação. Mesmo assim eu sinto, hoje, a necessidade de atualizar o que o Profeta disse ao seu povo no exílio: «Não deveis ficar lembrando as coisas de outrora, nem é preciso ter saudades das coisas do passado”. Eis que estou fazendo coisas novas, estão surgindo agora e vós não percebeis?» (Isaías 43, 18-19). Como o povo de Israel nos momentos de dificuldade, penso que também nós somos chamados a reconhecer no presente os sinais de futuro da Providência de Deus. Para fazer isto devemos evitar tanto o apego idolátrico ao passado, como também a obsessão pelo futuro, atitudes igualmente contrárias à esperança.
É no presente que devemos procurar a pérola preciosa: a esperança. É neste tempo que Deus fala e provê. Com esta Circular dedicada aos indicadores de vitalidade quero continuar a reflexão iniciada na carta precedente Por um presente que tenha futuro.

1. O SENTIMENTO DE PERTENÇA
Quanto é vivo e forte o sentimento de pertença e de identificação dos confrades com a sua Província? É forte em nós o sentimento de distinção e de excelência da nossa vocação com relação às outras? Como isso se exprime?
O sentimento de pertença dos confrades à Província e à Congregação é um dos indicadores mais seguros de vitalidade. Nós o denominamos mais comumente sentimento de família ou espírito de família.
A minha impressão geral é que este sentimento é bastante acentuado e se constitui como um ponto de segurança em nosso atual contexto de mudanças. Às vezes chega até aos tons humanos da ufania. Esta pertença parece estar mais ligada a Dom Orione, como santo e inspirador, do que à Congregação ou à Província. Devem estar intimamente unidos.
Na Polônia, depois da liberdade conquistada em 1989, percebeu-se um novo entusiasmo de pertença; percebeu-se uma vontade de identificação com as obras de caridade que antes, durante o regime comunista, era impossível. Na África, existe uma fome de conhecer Dom Orione do ponto de vista histórico, a sua humanidade e as suas aventuras, a sua personalidade, porque isso é estimulante naquele contexto tão jovem e diversificado. Em muitas nações, ainda é uma surpresa e um estímulo para os religiosos o sentimento de pertença expresso pelos leigos orionitas. Estudos orionitas e itinerários carismáticos nos lugares de Dom Orione (Itália, Argentina, Brasil, Uruguai) suscitam, sempre mais, vivo interesse.
Valorizamos suficientemente o tesouro do qual somos depositários?
Com o 13º Capítulo Geral devemos também reconhecer “o risco de viver uma tradição sem criatividade” (13CG, 81).
E mais: possuímos clara e grata consciência da especificidade, da distinção e da excelência da vida consagrada em relação às outras vocações? O conceito de “excelência” da vida consagrada, como seguimento radical e visível da forma de vida assumida pelo próprio Cristo, está vindo à tona novamente à luz dos documentos do Magistério no quadro da Igreja comunhão.[2] A consciência da excelência da vida consagrada deve ser cultivada não porque se constitua como que um grau de superioridade ou uma etiqueta de qualidade, mas porque é uma graça e uma responsabilidade.


2. A QUALIDADE DA VIDA ESPIRITUAL
Quanto é forte a vida de Deus em nós? Qual é a qualidade comunitária da espiritualidade na Província? O quanto é cultivada a relação com Deus na vida comum e no apostolado?
Evidentemente, a vitalidade de uma Província está estreitamente ligada à vitalidade espiritual dos seus religiosos. “É o Espírito que dá a vida, a carne não serve para nada” (Jo 6, 63).
Recomendo a releitura da precedente circular “A única coisa necessária[3] que se abria com o apelo do Papa Bento XVI aos religiosos: “Os consagrados e consagradas, mesmo desenvolvendo muitos serviços no campo da formação humana e do cuidado aos pobres, no ensino ou na assistência aos doentes, sabem que o propósito principal da própria vida é «a contemplação das verdades divinas e a constante união com Deus» (can. 663 § 1)A contribuição essencial que a Igreja espera da Vida Consagrada é muito mais em ordem ao ser que fazer”.[4]
Nas assembleias semestrais dos Superiores gerais, em várias ocasiões foi observado que, na generalizada crise vocacional, as Províncias que estão se recuperando são aquelas que tiveram um crescimento de vida espiritual no seu interior, nos indivíduos e no conjunto, na dimensão comunitária e na dimensão apostólica.
Cada Província deve fazer o seu próprio diagnóstico. Como está a frequência e a vinculação com as “fontes” da nossa espiritualidade?[5]
Não poucos religiosos caem na síndrome de “funcionários do sagrado”: administra palavra, sacramentos, oração, obras de caridade… em função dos outros.[6] Mas não se alimentam pessoalmente. Quando vemos um Confrade com os sintomas da síndrome do funcionário (nada de meditação de manhã, raramente 10 minutos face a face com o Senhor na igreja, raramente a oração do Breviário, até mesmo nada de Missa se não é em função do povo, e outras) devemos admoestá-lo “fortiter et suaviter” como Dom Orione fazia: “Vae tibi si fons devotionis in te siccatus fuerit! Não tem óleo na lampada, não tem espírito, tudo na correria e agitação sem um pouquinho de devoção, apáticos, frios, indiferentes, insensíveis”.[7]
É imediatamente perceptível a diferença entre um religioso funcionário e um religioso discípulo (ouconsagrado, ou homem de Deus)! Isso se manifesta na alegria da própria vida, na paixão apostólica, na “atividade que tem gosto de eterno e de divino”,[8] na perseverança vocacional.
A nossa espiritualidade, como a Igreja nos pede, deve ser orionita.[9] É um fator de vitalidade específico para nós. Encontro em todos os lugares uma verdadeira “devoção” a Dom Orione e uma grande estima pela sua forma de encarnar o Evangelho e de viver Cristo (espiritualidade). Esta devoção e também a afeição a algumas práticas espirituais típicas da tradição da congregação pode nos ajudar muito no crescimento espiritual. Neste ponto, os jovens religiosos são mais puxadores do que puxados. Nos jovens confrades nota-se um interesse sempre crescente em estudar, aprofundar, viver a espiritualidade carismática e também em oferecê-la aos outros nas iniciativas juvenis e vocacionais.
Sem sombra de dúvidas a nossa espiritualidade orionita evoluiu nas formas. Pelo impulso das orientações e do clima do Concílio Vaticano II assumiu um caráter mais cristocentrico, bíblico, litúrgico. Vamos em frente com confiança! Cuidemos bem da Palavra de Deus e da Liturgia em nossa vida cotidiana para edificar em nós o homem de Deus. Com frequência a vida espiritual assume também os pios exercícios e as devoções ligadas a pessoas e lugares particulares. Obviamente isso requer equilíbrio e deve ser evitado o risco de um novo formalismo.


3. A QUALIDADE DO TESTEMUNHO
É visível, é legível, é significativa a nossa consagração?
Pessoas, comunidades, obras comunicam que somos consagrados e orionitas?
Hoje, os valores da vida religiosa são apresentados e assumidos em chave positiva e orgânica desde o início da formação. Considera-se Cristo como referência principal da própria existência e, por isto, a vida religiosa é apresentada como a opção por um amor maior e por um projeto humanizador, como uma alternativa ao mundo.
Os votos são considerados uma escolha de amor, de testemunho de vida, de liberdade por um serviço melhor, uma maior disponibilidade, uma qualidade evangélica da vida, uma resposta ao hedonismo e consumismo do mundo moderno, uma maior proximidade aos pobres, especialmente acolhendo o povo mais humilde e os jovens que buscam Cristo.
Tudo isto é verdadeiro e é assumido como tal. “Geralmente somos estimados, tanto no ambiente leigo como no eclesial. Nossas obras são uma boa resposta aos problemas sociais e às vezes até aos novos desafios. Muitos confrades atuam bem...” (CG13, 97).
Não existem na Congregação, assim me parece, problemas quanto à concepção da vida religiosa, quanto mais problemas de realização, devidos também a uma particular incidência dos limites, das incoerências pessoais, das “duplas mensagens”.[10] Fala-se de “eu frágil” e de “comunidade frágil”. É preciso recordar que esta fragilidade vem não somente e nem tanto pelos limites da idade, das capacidades, das doenças, mas, sobretudo, pelas infidelidades e incoerências, pela dissociação entre vocação e vida.[11]
A qualidade do testemunho é um importante índice de credibilidade porque não depende tanto das operações de marketing ou de visibilidade congregacional, mas principalmente da qualidade davivencia da vida religiosa. Se não existe a vivencia, nenhuma propaganda pode preencher o vazio de credibilidade: “Padre, quando voces acreditavam mais em Deus, nós acreditávamos mais em vocês”.
Num continente (América Latina) no qual se manifestam tendencias de secularização, também na vida consagrada, os religiosos são chamados a testemunhar o absoluto primado de Deus e do seu Reino”.[12]
O nosso Capítulo geral indicou repetidamente que O papel do religioso hoje é, antes de tudo, o de “testemunha”, de “homem de Deus”, e se exprime como “pastor, profeta, animador e formador ao carisma”.[13]
A nossa identidade se torna visível, sobretudo, mediante a vida autentica e exemplar, o empenho pastoral, a proximidade para com o povo de Deus e os pobres, o estilo de vida caracterizado pela oração, as atividades desenvolvidas como comunidade, a confiança na Divina Providencia, uma especial paixão pelo Papa e os Bispos e por tudo aquilo que diz respeito à unidade da Igreja.[14] Tem a sua importância também outros aspectos concretos da visibilidade da nossa vocação, como o estilo da casa, a distinção religiosa do nosso hábito, os modos simples e pobres do nosso padrão de vida (veículos, vestuário, uso do tempo, fuga da mundanidade, etc.).
A transparencia do testemunho depende muito também das nossas obras e atividades apostólicas. Somos particularmente desafiados a fazer com que as obras – sobretudo as grandes instituições sujeitas às mesmas leis de outras instituições leigas – manifestem e não escondam que somos religiosos orionitas. Os dois últimos Capítulos gerais falaram de conversão apostólica das obras” e de “reapropriação carismática das obras”.[15]
Nos últimos 30 anos, em quase todas as nações nas quais estamos presentes, as instituições caritativas mudaram muito na sua organização, na gestão, na qualidade carismática. As leis civis interviram nos setores educativo e assistencial com lógicas leigas (às vezes, laicistas) de eficiencia e de economia. Muitas das nossas obras dependem em tudo ou em parte do financiamento público e, consequentemente, perdem um pouco a dinâmica e o significado de obras de providencia e de caridade. Ainda existem outras – sobretudo pequenas e em ambientes de grande pobreza – que se regem exclusivamente de providencia,[16] isto é gratuitamente recebem e gratuitamente oferecem.[17]
O significado apostólico das obras depende também da participação dos colaboradores na finalidade da obra. Acontece que muitos dependentes são pouco ou nada participantes das motivações religiosas e apostólicas; isto influi na qualidade e no significado da obra. Por tal motivo a formação dos dependentes se tornou uma prioridade na gestão das nossas instituições (cfr CG13, 59 e 64).
     
4. A RELAÇÃO COM A IGREJA
      Qual é o nosso sentimento de pertença à Igreja, à “Santa Mãe Igreja”? Como vivemos a relação com a Igreja em nível local e com a Igreja universal? A nossa vitalidade de consagrados e de orionitas depende da vitalidade da nossa relação com a Igreja na qual estamos inseridos.
Devemos avaliar bem este aspecto: pessoalmente, como comunidade, como Província. Não é somente um tema idealista. De fato, a Igreja e os Pobres são o nosso habitat vital. Crescemos se aí estamos bem inseridos.[18]
Em geral, penso poder dizer que em todos os lugares temos boas relações com a Igreja e com as Dioceses. Podemos dizer ainda hoje, com Dom Orione, que “o nosso amor ao Papa e aos Bispos é filial, devoto, ardente”.
Escutei muitos religiosos nossos – e Bispos e sacerdotes seculares – falar com satisfação que “os orionitas são um fator de comunhão na diocese”. Também por ocasião de eventos ou de temas de conflito continua a brotar o nosso instinto carismático: “nós estamos com a Igreja, nós estamos com o Papa, com o Bispo!”.
A comunhão com a Igreja se exprime em “sintonia e obediência”, em “conhecimento e difusão dos documentos do Papa e dos Bispos”, em “factível colaboração” no campo da pastoral e das nossas atividades caritativas.
Existe generosidade e variadas formas de colaboração da parte dos religiosos: cuidado direto e acompanhamento das paróquias, de capelanias, de outras instituições, de hospitais, cárceres, organismos diocesanos, etc. Mas a nossa primeira e principal colaboração na Igreja local acontece com a “vida fraterna”[19] e com as nossas “obras carismáticas”.[20] Estas são a nossa contribuição específica. E como nos disse João Paulo II: “Quanto é necessária hoje a vossa ajuda específica para a vida das Comunidades eclesiais e para toda a sociedade!”. [21] Por isso, evitando qualquer protagonismo egocentrico, seja pessoal que congregacional, somos vitais quando agimos como “como instrumentos da Providência de Deus para os pobres e apresentando-nos ao povo como sinal concreto da maternidade da Igreja” (CG13, 13). Deve-se buscar a inserção de comunidades e obras no tecido diocesano e nos seus organismos pastorais.[22]
Acontece também - é preciso ter isso em conta - que algum Bispo ou Pároco não compreenda ou não respeite a diversidade e complementariedade da vida religiosa inserida na paróquia e na diocese.[23]O critério do “veritatem facientes in caritate” evitou até agora muitos conflitos.

5. A RELAÇÃO COM A CULTURA HODIERNA
Qual é a relação pessoal e de Província com a sociedade e com a cultura hodierna? A nossa vida de religiosos se nutre do contexto social e cultural no qual estamos inseridos. Quais são as atitudes dominantes?
Vivemos imersos nos fenômenos sociais, local ou globalmente, com as atitudes mais diversas: de informação, interesse, diálogo, inserção, mas também de rejeição, medo, agressividade, frustração, desinteresse, isolamento.
Todos nós temos consciência da ambiguidade da cultura e dos costumes da sociedade moderna. E conhecemos também a atitude fundamental de inserção crítica que, no dizer de Dom Orione e Dom Bosco, significa que se trata de “entrar com a deles para sair com a nossa”.
Não obstante o imperativo categórico orionita “fora da sacristia”, penso que nós também, como a Igreja inteira hoje, temos, em geral, dificuldades para dialogar com o ambiente humano que nos circunda. Porém, o que nos salva é a aproximação carismática simples, popular, acolhedora, sobretudo para com as pessoas pobres e necessitadas, sobretudo enquanto indivíduos. Através dos pobres nos sentimos mais sintonizados com o restante da sociedade, que em parte nos escapa da compreensão e do relacionamento. O Capítulo convidou a “promover uma dedicada formação de toda nossa Família religiosa voltada para a leitura da realidade” (n. 115) e a exprimirmo-nos “também na caridade política, seguindo as indicações da doutrina social da Igreja” (n. 116).
A desvantagem cultural é mais acentuada em relação aos jovens, considerados indecifráveis, distantes, indóceis. Recordemos que o último Capítulo geral indicou justamente no Partir novamente da Patagônia (tema 13) e Partir novamente do pátio (tema 14) os dois grandes desafios para fortalecer a vitalidade da nossa vida religiosa.
É importante não nos determos numa visão sociológica ou psicológica ou jornalística do “mundo” atual. Para nós, Filhos da Divina Providência, o mundo é antes de tudo “Almas e Almas que suspiram por Cristo!”, das quais devemos nos aproximar “como bons samaritanos” (CG13, 113) e com “pioneirismo missionário” (CG13, 114).
Na relação com o mundo de hoje, experimentamos não poucas frustrações pelos resultados excarsos, pelos poucos frutos apostólicos de palavras e de atividade.[24] Custa muito, também para nós, filhos deste nosso tempo e filhos do tudo e imediatamente, percorrer a humilde e longa via do fermentoe do sal na massa. Isto exige abrir-se à cultura, aproximar-se das pessoas, escutar com simpatia, interessar-se pela vida das pessoas e pelos problemas cotidianos para colocá-los em contato com o sal e o fermento que está em nós e, orioninamente, com a caridade única que salvará o mundo.
Todos, também nos países de antiga cultura cristã, sem cobranças e sem afobação, devemos compreender as modalidades da inculturação, nem mais nem menos de como fez São Paulo e as primeiras comunidades cristãs no mundo grego-romano ou também os nossos missionários na cultura africana, árabe, indiana, albanesa, ucraniana, etc. Participar de uma sociedade pós-moderna, materialista, laicista é a nossa condição atual na qual evangelizar Cristo.
Na obra de inculturação do carisma, juntamente com a modalidade do fermento e do salescondidos na massa, é apostolicamente muito eficaz também o dinamismo da luz no candelabro, dacidade sobre o monte.[25] Isto significa apresentar experiências alternativas e bem visíveis de educação, de assistência, de promoção humana. A nossa Congregação é tradicionalmente mais inclinada para isto, mas é preciso ficar atentos para que as obras sejam verdadeiramente luminosas e para que não se transformem em “sacristias”, em nichos. Elas são realmente uma alternativa cristã e “faróis de fé e de civilização”?
Com dinâmicas de fermento ou de luz no candelabro, será necessário ter sempre a confiança e a paciencia do camponês do evangelho: “a semente germina e cresce, sem que ele saiba como” (Mc 4, 26) e efetua a transformação da cultura a partir de dentro.[26] É o que aconteceu nos tempos de Dom Orione nas periferias de Milão (Restocco), de Roma (Todos os Santos), de Buenos Aires (Victoria, Lanùs e Claypole) e em tempos mais recentes em Payatas (Manila), em Nezaualcoyotl (Cidade do México), Anatihazo (Tananarive), Bonoua (Costa do Marfim), Bagamoyo (Maputo), Itapoã (Brasília), Ananindeua (Belém), somente para citar alguns lugares emblemáticos para nós.

6. A RELAÇÃO COM OS MAIS POBRES
Estamos em relação real com os mais pobres e o povo humilde? Que tipo de presença e que formas de serviço estamos realizando na nossa vida e missão?
O Papa Bento XVI, no discurso aos Bispos reunidos em Aparecida, disse que “Na fé cristológica é implícita a opção pelos pobres”,[27] uma afirmação de grande importância doutrinal que Dom Orione exprimiu em suas notáveis expressões do tipo “Ver, amar e servir Cristo nos pobres”.
O Fundador nos deu esta ordem: “Fique bem determinado que a Pequena Obra é para os pobres”. E considerando isso como algo determinante para o futuro da Congregação, quis sustentá-la no futuro com um especial juramento no momento da profissão perpétua.[28] Os pobres determinaram o nascimento e o crescimento da nossa Congregação. Deles virá também o nosso futuro.
Quanto nós somos fiéis, e por consequencia vitais, à ordem de ser “pobres” e “para os pobres”?

“Pobres”. Responder não é fácil e não pode nem mesmo ser uma resposta superficial. Dom Orione pediu aos seus discípulos de “encarnar” a pobreza, de “esposar” a pobreza como imitação de Jesus Cristo.[29] O Capítulo nos pediu para “partir novamente com a sacola”,[30] ou seja, com estilo e meios pobres.
A comodidade e o relaxamento, como ensina a história da vida religiosa, primeiro se infiltram nas pessoas, depois se tornam maioria e, finalmente, chegam a se tornar costume e até regra. Dom Orione advertiu que “O dia no qual nos tornaremos ricos, escreveremos: Fim!”.[31]
A prática da pobreza é um seguro indicador da vitalidade de um religioso, de uma Província e da Congregação. “Onde ela é cultivada, floresce o espírito de Deus; onde é esquecida, entra a dissolução, e caem os cenóbios mais célebres. Caíram ou foram suprimidas Congregações ilustres… caíram porque deixaram a observância da pobreza”.[32]
O Capítulo indicou algumas opções para “partir novamente com a sacola”: clara distinção entre o estilo sóbrio da comunidade e o estilo moderno e eficaz do serviço aos pobres (n. 134), periódicas revisões comunitárias (n.136), preparar o orçamento da comunidade sobre o modelo popular-pobre de casa, veículo, vestuário, alimentos, tempo livre, etc. (n.137), atuação precisa da caixa única na comunidade e da caixa comum na Província (n.138).

Para os pobres. Pode-se dizer que o serviço aos pobres é característica também atual da nossa Congregação em todas as Províncias. Porém devemos reconhecer também que estamos com dificuldades, ideal e prática, em realizar esta missio ad pauperibus por alguns motivos de contexto, além de pessoais.[33]
Uma primeira dificuldade vem do fato que hoje as categorias e o ambiente dos pobres, que são o nosso habitat no qual cresce a planta única com diversos ramos da Divina Providência, mudaram e estão em evolução. A menor homogeneidade geográfica e sociológica dos pobres, nossos destinatários, está nos levando a “fazer um pouco de tudo”, genericamente, “porque no final, todos são pobres”. O próprio Dom Orione nos deu o critério para superar esta dificuldade.
Certamente a sua ação caritativa foi pensada e dirigida para “todos os pobres”,[34] porém depois ele definiu muitas vezes que “Nós somos para os pobres, ou melhor para os mais pobres e mais abandonados”.[35] Aqueles que tem outro tipo de proteção, para eles já existe a providencia dos homens, nós somos da Providencia Divina, ou seja, nós existimos para prover a quem falta e não se beneficia das providencias humanas”.[36]
Recordo, mais uma vez, que “os mais pobres” para Dom Orione são “os mais abandonados”, os “desamparados”, os mais desprovidos de outras providências. Este é o critério de discernimento e de projeto carismático que deve guiar-nos ainda hoje.
Um segundo problema recorrente diz respeito ao tipo de obra: caridade de pronto socorro, com obras simples e diretas, ou então caridade de promoção humana, com obras sólidas, bem organizadas, “à frente dos tempos”?
Dom Orione nos transmitou e concretizou ambas. E as duas tem um grande valor espiritual e apostólico. Também nos tempos atuais, a Congregação deve manter as duas contemporaneamente presentes e em relação. É um equilíbrio que deve ser cultivado. Por um lado promover mais formas de caridade de pronto socorro (“partir novamente da Patagônia”)[37] e por outro se empenhar em qualificar carismaticamente as grandes instituições de caridade reagindo à sua laicização. E existe uma terceira ação igualmente indispensável: deixar instituições, mesmo solidificadas, mas com pouco valor carismático e apostólico.[38]
A nossa fidelidade carismática “mediante as obras de caridade” tem também outras diretrizesde atividade: a pastoral juvenil,[39] a promoção das vocações, a qualificação religiosa e carismática na condução das paróquias, o empenho nas missões “ad gentes”, o desenvolvimento de “obras de caridade espiritual” que frequentemente tem por base os santuários e as casas de espiritualidade, a promoção do Movimento Laical Orionita, a valorização apostólica dos meios de comunicação social.

7. A CAPACIDADE DE RENOVAÇÃO
Estamos direcionados para o futuro e disponíveis para a mudança?Como funcionam os dinamismos de renovação? Quais são os sinais concretos de desenvolvimento da Congregação?
Um organismo vivo, como é uma Congregação religiosa, cresce em relação ao tempo e ao lugar onde se encontra. Perante as inevitáveis e compreensíveis dificuldades do tempo presente não se pode simplesmente tentar de prolongar o passado. Ocorre investir no presente para que tenha futuro.
Em nossa Congregação, a duradoura crise vocacional provoca uma diminuição do número dos jovens religiosos que são os normais propulsores e realizadores da perspectiva de futuro e de renovação. É muito presente o risco de que em algumas das nossas Províncias se sinta a dificuldade de perspectiva de futuro e de renovação. Mesmo justificados pelas situações contingentes e constringentes, não pode bastar um comportamento essencialmente conservador. Acabaríamos numa diminuição da vitalidade da Congregação em breve tempo e mais ainda no futuro. Deve ser acompanhado sempre, com todo o cuidado, o desenvolvimento da Congregação, sobretudo nas suas unidades nacionais que estão com mais dificuldades.
Os fatores de renovação desenvolvimento são vários.
Gostaria de acenar somente a três dinamismos.

1.      O desenvolvimento vocacional e a insersão de novos membros são o motor e a condição fundamental dos outros dinamismos. Os dados de cada Província são públicos.[40] Os números complexivos de Congregação registram uma progressiva e notável diminuição de membros.
A promoção vocacional acontece mediante a nossa qualidade de vida que atrai (vocacionabilidade)e mediante iniciativas vocacionais específicas.[41] Ela foi fortemente incentivada pelo último Capítulo geral. Todas as Províncias, nas respectivas assembléias de programação, assumiram a promoção vocacional como prioridade de empenho que pode ser concretizada em tres direções: “oração pelas vocações”, promoção da “cultura vocacional” e atuação do “centro provincial de vocações”.[42]
Os seminários menores foram substituídos pelas comunidades de promoção e de primeira acolhida vocacional. Devem ser bem acompanhadas porque é nelas que os adolescentes/jovens amadurecem a passagem da orientação para o caminho vocacional.
Dizendo e fazendo isto com inteligencia e paixão pela promoção das vocações, certamente será exigido da Congregação uma série purificação e conversão para que seja mais vocacionável: religiosos mais “religiosos”, comunidades mais “comunidades fraternas”, atividades mais “apostólicas e carismáticas”.[43]
“Quem quer ser religioso de verdade não entra nas Congregações relapsas, mas nas Congregações observantes das regras e dos votos” [44] já admoestava Dom Orione. De fato, os jovens que observam ou se aproximam da vida consagrada são impulsionados por três desejos vitais: a profundasede de espiritualidade; a busca de vida de comunhão fraterna em Cristo, e enfim o empenho em favor dos mais pobres e necessitados. Os jovens encontram na nossa vida a resposta a estas questões vocacionais?

2.      O desenvolvimento mediante a abertura e o fechamento de comunidades e obras, nos últimos 30 anos, foi muito diferente na Congregação.
As aberturas ocorreram prevalentemente em novas nações. Aconteceu uma expansão notável e corajosa desde os anos ‘70 que levou a Congregação para bem 18 novas nações.[45]
Os fechamentos ao contrário dizem respeito principalmente às nações de mais antiga presença. Nestas nações (Itália, sobretudo), as aberturas foram limitadíssimas,[46] seja porque sustentaram o esforço missionário “ad gentes” e também porque sofreram contemporaneamente uma crise vocacional sem precedentes.
Em algumas Províncias se considera que novos desenvolvimentos sejam praticamente impensáveis. “Acompanhemos bem aquilo que temos”, “as comunidades estão já no mínimo”, “estamos diminuindo a cada ano”: são as evidencias que bloqueiam a resposta a novos apelos apostólicos e aos impulsos de novas iniciativas de desenvolvimento. E, no entanto, será preciso empreender, também nas nações de mais antiga presença e em crise numérica, a via do desenvolvimento que preveja, além de necessários fechamentos, também uma estratégia de novas aberturas. Nesta sentido deverão ser buscadas também novas formas de corresponsabilidade congregacional[47] para estas Províncias.

3.      O corpo congregacional é capaz de renovar-se quando está unido e coordenado. Um corpo desunido, com membros que não respondem aos estímulos ou que estão se atrofiando, não consegue se mover bem. Como estamos concretizando, então, a relação-colaboração fraterna na renovação da Congregação?
É certo que, hoje, existe uma nova resistência cultural e espiritual na colaboração. Enquanto algumas décadas atrás, na Europa do ano “sessenta e oito” ou na América Latina e na África da “conscientização”, se cantava “liberdade é participação”,[48] hoje se proclama que “liberdade é autonomia”. “O problema da nossa época - observava Wiston Churcill – é que os homens não querem ser úteis, mas importantes”. Isso vale também para nós.
O quanto nós estamos unidos e empenhados nas orientações e nos movimentos promovidos na Congregação, em nível geral (capítulo geral), provincial e em cada uma das comunidades?[49]
A vitalidade, na renovação da Congregação, depende da comunhão-colaboração pessoal oferecida com liberdade e amor.[50] Um confrade isolado ou ausente das relações – ainda mais se é o superior – provoca consequencias para todos, torna difícil o caminho comum.
A colaboração pessoal não basta, deve ser também estruturada em nível de Comunidade, Província e Congregação, segundo as nossas Constituições que oferece uma metodologia de relações e de renovação orgânica, diversificada e estável.[51] Somente a sinergia de participação de todos produz o movimento, a renovação. Para animar esta sinergia fraterna muito contribui o serviço da autoridade.[52] 

CONCLUINDO
Caros Confrades, o último pensamento, como lembrete para mim e para todos, é um chamado à confiança na Divina Providência. A fé (“mas daquela!”) na Divina Providência fundamenta a confiança de que os nossos cinco pães e dois peixes servem porque colocados nas mãos d’Aquele que é a fonte inexaurível do bem. Abramos a nossa vida àquela fonte da qual escorre a água e o pão da vida! Recordemos, com humildade e confiança, da palavra: “nem o que planta, nem o que rega são, propriamente, importantes. Importante é aquele que faz crescer: Deus” (1Cor 3, 7).
É uma constatação: hoje, os mais ativos são os que têm mais esperança; e tem mais esperança os que tem Deus no centro da sua vida. Ontem, e hoje também, os profetas mais dignos de confiança e os empreendedores mais constantes são os místicos. Dom Orione é um ilustre modelo disso. Em nosso nome – Filhos da Divina Providencia – está inscrita a nossa natureza de místicos, de profetas e de empreendedores do bem. Aut sint ut sunt… aut non erunt.[53]
Ave Maria e avante!
*  *  *

Já que as notícias da Congregação são sinteticamente apresentadas no Panorama orionita, cabe-me somente cumprir o dever final e prazeiroso de convidar a rezar por algumas intenções da Congregação.
Antes de tudo, rezemos pelos nossos Confrades falecidos sobre os quais se pode encontrar maiores notícias no Necrológio deste volume dos Atti. Somente nos quatro primeiros meses do ano foram 8: Pietro Invernizzi, por tantos anos na missão brasileira do então Goiás, hoje Tocantins; Pe. Alvio Eraclio Mattioli missionário no Chile, Pe. Carlo Luigi Puppin, religioso fiel e de trabalho; Pe. Antonio Pilotto, por tantos anos na França; Pe. Domenico Sanguin, missionário na Argentina, P. Lorenzo Bernardo Marchi, argentino; Pe. Salvatore Prosperi Porta e Pe. Sergio Mura, chamados rapidamente ao Céu enquanto estavam ainda no trabalho.
      Não esqueçamos de rezer pelas Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade, muitas das quais trabalharam por tantos anos em nossas obras: Ir. Maria Gioconda, Ir. Maria Celestina, Ir. Maria Belém, Ir. Maria Daniela, Ir. Maria Fedeltá, Ir. Maria Cassiana, irmãs de Pe. Erasmo Magarotto e Ir. Maria das Neves, brasileira que por 30 anos teve o grande privilégio de servir Cristo nos pobres na Itália.
Entre os familiares defuntos dos quais chegou-nos notícias, ricordemos o papai de Pe. Domenico Napoli e de Pe. Carlo Marin; a mamãe de Pe. Jarbas Assunção Serpa, de Pe. João Batista de Freitas e de Pe. Paulo Arcanjo de Oliveira Reis; o irmão de Pe. Antonio Pilotto; a irmã de Ir. Renzo Zoccarato, de Pe.Serafino Tosatto, de Ir. Lorenzo Podavini, de Pe. Lucio Felici, de Pe. Vincenzo Alesiani e di Pe. Valdastico Pattarello (já falecido).
      Confiamos à Divina Misericórdia todos os nossos Amigos, Benfeitores, Ex Alunos defuntos que contribuiram para o bem da Pequena Obra. Desta vez recordo, em particular, o Sr. Oscar Luigi Scalfaro (ex-Presidente da República), a Sra. Stanislava (co-fundadora da casa de Leopoli), Zeno e Onesta Buratto, benfeitores da missão de Bonoua. A eles e a todos o Senhor recompense com o seu eterno Amor.
      Recordemos na oração e ajudemos com a caridade fraterna os nossos doentes. São numerosos. O Senhor lhes conceda de aceitar e oferecer o sofrimento e os seus problemas a Jesus Ressuscitado, para depois com Ele participar da alegria pascal.
      Rezemos pelas vocações, pelos jovens que estão na fase do discernimento vocacional ou no caminho de formação em nossas casas, e rezemos pelos seus formadores. A vocação é graça de Deus e deve ser pedida com insistencia.
Rezemos pela Congregação na Itália que, no dia 29 de junho, será organizada como Província única “Mãe da Divina Providência”. Por mais que esta decisão tenha sido tomada após um amplo e prolongado discernimento, todos nós temos consciência das dificuldades futuras, agravadas pela diminuição das vocações.
Enfim, oremus ad invicem; todos nós precisamos do sustento fraterno da oração que tanto agrada ao Senhor.
Eu recordo todos ao Senhor e desejo que sobre todos repouse o sorriso abençoador de São Luís Orione e de Nossa Senhora.

Pe. Flávio Peloso PODP
Superior geral


[1] Mensagem de João Paulo II à Pequena Obra da Divina Providencia, 8 de março de 2003.
[2] “Nutrimos grande estima pelo nosso estado” nos dizem as Constituições (art.12), que depois oferece os fundamentos desta estima. A excelência da vida consagrada faz parte da doutrina da Igreja. O Concílio Vaticano II falou explicitamente do "valor superior da vida consagrada por meio dos conselhos evangélicos" (Perfectae caritatis, n.1). Vita consecratan.18 insiste nas razões cristológicas da excelencia da vida consagrada que “é o modo mais radical de viver o Evangelho nesta terra, um modo – pode-se dizer – divino, porque assumido por Ele, Homem-Deus, como expressão da sua relação de Filho unigênito com o Pai e com o Espírito Santo. Já o Concílio de Trento tinha afirmado a superioridade do estado de virgindade sobre o do matrimônio e implicitamente do estado religioso sobre aquele laical (Sessio XXIV,Canones de sacramento matrimonii, can.10, DS 1810). Evidentemente, a excelencia da vida consagrada é objetiva, como via do seguimento de Cristo, enquanto a excelência subjetivadepende da perfeição da caridade de cada membro, a qualquer estado pertençam.
[3] Cfr Circular A única coisa necessária. Identidade e dinamicidade da nossa vida religiosa, hoje:Atti e comunicazioni 2007, n.234, p.187-209.
[4] Sacramentum caritatis 81.
[5] Deus, Igreja, Pobres constituem os primeiros três temas do nosso CG13.
[6] Bento XVI recorda com frequencia esta verdade de consagrados e não de funcionários: “As pessoas não devem jamais ter a sensação de que o nosso horário de trabalho cumprimo-lo conscienciosamente, mas antes e depois pertencemos somente a nós mesmos”; Homilia na Missa do Crisma, 5 de abril de 2012.
[7] Scritti 55, 196. Existem dezenas de comentários de Dom Orione sobre esta expressão latina pronunciada por São Bernardo ao Papa Eugênio III. Tivemos nos últimos anos um número de defecções. Como eu as acompanhei primeiro como Procurador e depois como Geral, notei que a maior parte delas não teve a sua causa na sedução de uma mulher ou nas dificuldades com os superiores, mas ocorreram por causa de um afrouxamento vocacional: “não tenho mais interesse, a vida sacerdotal não diz mais nada, não quero mais”.
[8] Scritti 100, 189.
[9] Sugiro retomar a Circular Pedagogia da santidade em Atti e comunicazioni 2008, n.225, p.3-21.
[10] No documento do recente Capítulo reconhecemos que “Nosso testemunho nem sempre é transparente e às vezes gera confusão (mensagens de duplo sentido: somos pobres, mas dispomos de tudo, somos obedientes, mas fazemos tudo que queremos, somos castos, mas temos preferências, somos confrades, mas nos distanciamos uns dos outros…)”; CG13, 97.
[11] Vale também para a nossa Congregação o que o Papa Bento XVI disse sobre a Igreja em geral: “O dano maior, de fato, lhe é causado por aquilo que polui a fé e a vida cristã dos seus membros e das suas comunidades, corrompendo a integridade do Corpo místico, enfraquecendo a sua capacidade de profecia e de testemunho, ofuscando a beleza do seu rosto” (Homilia de 29 de junho de 2010).
[12] Bispos da V Assembléia da Conferência Episcopal Latino Americana, Documento de Aparecida, n. 219. Durante a reunião dos nossos Conselhos provinciais da América Latina de março passado, Dom Cláudio Jimenez, presidente da Conferencia Episcopal Paraguaia, apresentando “As esperanças da Igreja na América Latina com relação à vida religiosa”, para nossa grande surpresa, concentrou a sua reflexão sobre a conformação a Cristo na qual os religiosos devem brilhar, à luz do n. 219 acima transcrito.
[13] Veja n. 62-65.
[14] O Capítulo indica como instrumentos indispensáveis para este percurso de vitalização o projeto pessoal (n.100), o projeto comunitário (n.101-102).
[15] O Capítulo assinala que “Não existe ainda um esforço decidido e eficaz de implantar a gestão de todas as nossas obras de acordo com as características de nosso carisma e de nossa missão. (…) Acontecem casos em que nas nossas obras falta uma adequada programação pastoral e gerencial”; CG13, 56. Como meios para a conversão apostólica das obras, o documento indica o conhecimento e a atuação do Projeto orionita para as obras de caridade e do Projeto educativo orionita que oferecem linhas claras para responder às exigências de uma moderna gestão e de salvaguarda da sua qualidade carismática” (n.57) e o indispensável funcionamento do Conselho de obra (n. 58), como sujeitos de mediação entre comunidade e colaboradores, entre finalidades apostólicas e finalidade de serviço, entre gestão pastoral e gestão técnica.
[16] Hoje, as entradas “de providencia” chegam também mediante as várias formas de fund raising(ENRis), palavra inglesa que tem o sentido de fazer crescercultivar, ou seja desenvolver os fundosnecessários para os projetos.
[17] Evidentemente, a forma de financiamento influencia muito a gestão e o significado da obra. Uma obra pode sobreviver com a administração completa de fundos públicos ou particulares, ou também de modo parcial ou totalmente em regime de gratuidade. Quando administramos somente fundos públicos não podemos falar especificamente de obras de caridade. O povo tem acesso a estas obras e as vê como um serviço aos quais tem direito por parte do Estado. A caridade, neste caso, podemos colocá-la somente no estilo pessoal de gerencia-las.
[18] CG13, 9: “É muito importante para nós viver a comunhão com a Igreja da qual provém e para a qual se dirige a nossa caridade apostólica (Cost. 15, 47)”.
[19] “Formar comunidades fraternas não é somente preparação para a missão, mas parte integrante dela, já que «a comunhão fraterna, enquanto tal, já é apostolado»”; A vida fraterna em comunidade, 54; Instrução sobre Serviço da autoridade, 22.
[20] Cfr Circular Qual amor ao Papa?Atti e comunicazioni 2005, n.216, p.3-15.
[21] Em outra ocasião, em Roma – Monte Mario (8 de junho de 1986), o Papa observou: “agrada-me notar que este carisma hoje é colocado em prática através de múltiplas atividades e iniciativas de promoção humana e de assistência aos jovens, aos doentes, aos anciãos, aos portadores de deficiência e a todos os hóspedes das vossas instituições na Itália e no exterior”.
[22] “As comunidades, ao elaborar o próprio projeto comunitário, tenham presente também a programação pastoral diocesana, empenhando-se em participar ativamente em comunhão com os demais institutos religiosos e com o clero diocesano (cfr Normas 94)”; CG13, 14.
[23] Cfr a Circular O orionita Sacerdote. Unidade de vocação e especificidade de ministério: Atti e comunicazioni 2009, n.230, p.227-241. Pode acontecer também que o sentimento carismático e a identidade de pertença se esfriem nos Confrades empenhados no ministério paroquial.
[24] Às vezes a rejeição é a consequencia do “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim. Se fosseis do mundo, o mundo vos amaria como ama o que é seu” (Jo 15, 18-19).
[25] Cfr Mt 5, 13-15; Mc 4, 21; Lc 13, 18-21. “O Evangelho e a evangelização, independentes em relação às culturas, não são necessariamente incompatíveis com elas, mas susceptíveis de impregná-las sem se escravizar a nenhuma delas”; Evangelii Nuntiandi 20.
[26] “Trabalhemos sem desânimo e olhando para o céu! A mão de Deus que sempre, suave e fortemente, guiou os nossos pais e, oportunamente, os socorreu nos perigos da fé, não se abreviará sobre as nossas cabeças. Pelo contrário a mão direita de Deus vencerá sobre nós e nenhum daqueles que terá trabalhado para o seu Senhor ficará confuso eternamente”; Scritti 64, 243; 73, 222.
[27] CELAM, Documento de Aparecida, n.393.
[28] Circolar “Fique bem determinado que a Pequena obra é para os pobres”, “Atti e comunicazioni” 2010, n.231, p. 3-11; cfr Spirito di Don Orione V, 73-75.
[29] Spirito di Don Orione V, 79-80 e todo o vol. V dedicado ao tema “A pobreza”; além disso, o capítulo “Pobres, pequenos, humildes, simples” do livro Nos passos de Dom Orione , p.107-116.
[30] CG13, n.130-138.
[31] Parola VI, 218.
[32] Spirito di Don Orione V, 73-75.
[33] O dinamismo de “pobres que servem os pobres” diminuiu a sua força, como nota o Capítulo: Nosso estilo de vida nem sempre manifesta o propósito de sermos pobres entre os pobres, diminuindo nossa credibilidade e nossa força apostólica junto aos pobres” (n.18).
[34] “Omnibus, omnia, ad omnia instauranda in Christo”; Scritti 80, 278. A caridade é destinada a “qualquer um que tenha uma dor”, “a caridade não tem fronteiras”.[34] Basta recordar a famosa página do “Almas, Almas!” ou então o elenco infinito de obras escrito por Dom Orione no Capo I das Constituições de 1936. Também o atual art. 120 das Constituições termina com a expressão de Dom Orione: “e as obras de fé e de caridade que, conforme as necessidades dos tempos e lugares, a Santa Sé houvesse por bem indicar-nos como mais aptas para renovar em Cristo a sociedade”.
[35] Spirito di Don Orione II, 71.
[36] “Os Filhos da Divina Providencia vivem da mercê de Deus, da vida de trabalho e de pobreza, somente, devemos ser para os pobres, para os mais pobres, para os rejeitados, para os desamparados (para os abandonados) da sociedade”Spirito di Don Orione V, 107.
[37] O Capítulo geral indica algumas opções: “Abrir as nossas obras às novas pobrezas” (n.117); discernir e colocar “sinais de acolhimento e de atenções em favor da pobreza dos maisdesamparados (abandonados)” (n.119); “Cada província, durante o próximo sexênio, constitua uma nova comunidade (ou, pelo menos, realize uma experiência significativa) que viva em pobreza e vá para o meio dos pobres” (n.120).
[38] Cfr Circular Quais obras de caridade?Atti e comunicazioni 2005, n.217, p.126.
[39] Também no apostolado com os jovens, de um lado devemos “partir novamente do pátio” com iniciativas simples de pronto socorro, de primeiro contato, de primeira evangelização para os jovens “os mais abandonados”, os distantes; por outro lado devemos qualificar carismaticamente as formas de educação escolástica e de pastoral juvenil, institucionalizadas e especializadas. Ambas.
[40] Crescem com a presença de novos membros, especialmente a Vice-província da África francofóna (Costa do Marfim, Togo, Burquina Faso), Madagascar, India, Romania, Quenia, Filipinas. Em outras nações, os novos professos perpétuos são poucas unidades por ano, também em nações como Itália, Polonia, Brasil (Norte e Sul), Argentina… Em alguns países, não existem novos membros há muito tempo: Espanha, Ucrania, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai, México…
[41] Cfr Vocação e vocações. A pastoral juvenil-vocacional: Atti e comunicazioni 2007, n.222-223, p.3-22.
[42] O CPV previsto pela Norma 61 e desejado pelo 13CG n.110 foi programado em todas as Províncias. Geralmente compreende um encarregado assistido por uma equipe, cujo papel principal é o de sensibilizar os confrades e as comunidades e de coordenar as atividades: oferece aos jovens encontros sistemáticos, semanas vocacionais, fins de semana, experiências em lugares significativos, na forma de exercícios espirituais ou de colônias de férias vocacionais; oferece a possibilidade de convivência numa comunidade; existem comunidades de acolhida e acompanhamento vocacional...
[43] “Testemunho como primeira proposta vocacional” é o título do tema 11 do recente Capítulo.
[44] Parola VI, 218.
[45] Costa do Marfim (1971), Madagascar (1976), Paraguai (1976), Togo (1981), Jordânia (1982), Venezuela (1985), Cabo Verde (1988-2009), Romênia (1991), Filipinas (1991), Albânia (1992), Bielorússia (1993), México (1994), Quênia (1996), Burquina Faso (1999), Ucrania (2001), India (2001), Moçambique (2003), Coréia (2010-2011).
[46] A Polônia teve um bom desenvolviemento nas décadas depois da queda do comunismo (Warszawa-Barska, Czarna, Henryków, Braszczyk, Hospicjum di Wolomin); Brasil (Caucaia, Buritis, Poxoréu, Vila Velha, Itapoã, Campo Grande, Dourados,), Argentina (comunidade inserida de Mar del Plata), Chile (Iquique depois deixada), Espanha (Santa Beatriz em Madrid e Sevilla agora deixada), Uruguai (Tacuarembò depois deixada), na Itália (as últimas novas comunidades são dos anos ‘80: Bergamo, Pavia, Trebaseleghe, Floridia agora deixada).
[47] Cfr. CG13, n.143: “O governo geral promova a corresponsabilidade das Províncias no desenvolvimento da Congregação, incentivando tanto o projeto missionário no sexênio como os projetos regionais para a Ásia, para a América Latina, para a Europa e para a África, programando a designação do pessoal e as modalidades do sustento econômico”.
[48] Na Itália, Giorgio Gaber cantava: “A liberdade não é estar em cima de uma árvore, não é nem mesmo o voo de uma mosca, não é nem mesmo ter uma opinião, a liberdade não é um espaço livre, liberdade é participação”.
[49] Recordo certas frases de efeito e comparações de Dom Orione: “Funiculus triplex difficile rumpitur” (Scritti 56, 187)fortes como a corda entrelaçada com três cordas; “Frater qui adiuvatur a fratre quasi civitas firma” (dezenas e dezenas de citações)e depois “Todos unidos num só coração e numa só alma”, “A força dos Religiosos está na união, cujo o vínculo é Cristo, unidos como um exército bem ordenado – somos uma só família, cor unum et anima una” (Scritti 56, 188); “Todos por um e um por todos… Aqueles que cooperam à perfeita concórdia da vontade e dos corações são de Cristo e dos nossos” (Scritti 52, 100); “Melhor poucos, unidos, que muitos desligados, desunidos” (Parola IX, 360).
[50] “Devemos fazer da Congregação um exército, uma legião, uma força, a falange da caridade… Aceitar as regras e observar com o coração porque, onde falta o coração, falta tudo. É necessário coração, coração e juízo!”; Parola VI, 219.
[51] Pensamos, por exemplo, no itinerário promovido pelo Capítulo geral para o sexenio: o documento foi recebido e programado pelas assembléias provinciais de programação, foi interpretado e animado pelos vários secretariados, será avaliado e novamente lançado naassembléia de avaliação de metade sexenio, é concretizado nas comunidades, confrontado nas reuniões anuais dos diretores, retomado nas visitas canônicas provinciais e geral. E várias Províncias elaboraram um projeto provincial no início do triênio.
[52] Sobre o papel dos superiores veja-se a Circular Aquele que obedece primeiroO serviço da autoridade. Atti e comunicazioni 2006, n.220, p.107-122.
[53] Ou seja,  “ou são como devem ser... ou não serão”.

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