A sublime arte de pensar
Uma das questões mais importantes para que se tenha uma autoestima adequada,
equilibrada, é saber usar a mente para discernir, pensar, analisar, resolver os
problemas. Pensar é uma arte, e quem não pensa, certamente não saberá para onde
vai o barco da sua existência. Quem não pensa é facilmente direcionado pelos
outros, para lugares que jamais ele iria, caso tivesse o uso normal da
razão.
Dizia um grande escritor, e com propriedade: ‘pensar é um dos maiores
prazeres da raça humana’. Concordo plenamente com essa afirmação, pois quando
sabemos utilizar bem o nosso pensamento, acabamos tomando decisões certas, na
hora certa. Já ouvi muita gente dizer, ‘se eu tivesse pensado não teria feito
isso...’, porque na verdade a pessoa foi levada simplesmente pela emoção do
momento. Quem age movido simplesmente pela emoção, dissociado da razão, acaba
fazendo loucuras. Para mim, o uso exclusivo da emoção, sem o auxilio e
complemento da razão, é como um carro desgovernado, que acaba indo para o
precipício.
Muitas pessoas tem preguiça de pensar, e veem nesse ato como algo muito
pesado e exigente. Para eles pensar é perder tempo, e o negócio é viver o
momento, é curtir no aqui e agora, sem perspectivas de futuro. Observamos isso
em tantas pessoas, que não se preocupam com o amanhã da sua existência. Não tem
projetos, não tem sonhos, e acabam vivendo por viver. É realmente muito triste
essa constatação, mas é a pura verdade em tantas pessoas, sobretudo naqueles
mais jovens.
A razão nos faz parar, pensar, analisar, discernir, para tomar a melhor
decisão. A mente é uma ferramenta indispensável para a construção de uma
autoestima saudável. Não basta apenas um estar bem, um gostar de si mesmo, se
este não estiver ancorado em algo mais sólido, como resultado de um bom
discernimento. No fundo, o que dirige a vida de um ser humano, é a sua
consciência. Para o drogado, para alguém que se deixa levar pela pura emoção, a
consciência é a sua grande inimiga. Ele não quer parar para refletir, analisar a
sua ação, e acaba se envolvendo em tumultos e discussões.
Hoje em dia está muito em voga a questão emocional. ‘Sinto, logo existo’, deu
lugar àquilo que um grande filósofo francês definiu como o cerne do ser humano,
‘penso, logo existo’. Com certeza, nenhuma e nem outra, quando caminhando de
modo unilateral, são a resposta para uma vida equilibrada. A emoção e a razão
devem caminhar de mãos dadas, e não como grandes inimigas entre si.
O pensar dissociado do emocional pode criar pessoas frias, autoritárias,
defensivas e calculistas. Costumamos chamar essas pessoas, como seres sem emoção
e sem vibração. A emoção dissociada da mente pode criar verdadeiras desgraças no
ser humano. Quem age apenas movido pela emoção do momento, sem pensar naquilo
que faz, sofrerá consequências trágicas num futuro muito próximo. A emoção sem a
presença da razão ela é doida, é extrema, e leva as pessoas a fazer verdadeiras
loucuras. Na infância, torna-se essencial que os pais eduquem as crianças a
pensar, e não a fazer todos os seus gostos e desejos. Isso terá consequências
drásticas no futuro, pois uma criança que não é levada a pensar viverá uma
adolescência inconsequente e terá uma vida adulta totalmente desequilibrada.
Tenho observado que essa é uma das áreas mais complicadas da sociedade atual,
tão propensa a deixar que as pessoas sejam apenas movidas pelos seus impulsos,
por seus instintos, sem o auxilio necessário e fundamental da razão. Autoestima
apenas como um sentir-se bem, dissociada de um ato de consciência, é uma
verdadeira mentira. Poderá ser algo prazeroso no momento, com consequências
desastrosas no futuro. Portanto, não existe uma autoestima saudável sem o uso
apropriado da razão.
Dr. Pe. André Marmilicz
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